Mesmo que atualmente o Dia das Crianças evoque lembranças de presentes, festas e muitas brincadeiras, essa data carrega em sua essência um recado poderoso sobre responsabilidade social. Falar sobre a origem do Dia das Crianças é, na verdade, refletir sobre como o Brasil passou a enxergar a infância não apenas como uma fase da vida, mas como um tempo a ser protegido, com direito ao desenvolvimento, saúde e oportunidades seguras para crescer.
A origem do Dia das Crianças e sua relação com direitos e proteção
Olhar para trás é entender que o Dia das Crianças, há mais de 100 anos, era sinônimo de um pedido de socorro por mais justiça social. No início do século 20, as crianças brasileiras estavam longe de serem prioridade: não havia leis específicas garantindo seu bem-estar, nem políticas que olhassem para suas necessidades básicas. A virada começou em 1922, no primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, onde líderes e especialistas discutiram como a sociedade precisava agir para resgatar os pequenos da negligência e da vulnerabilidade.
Dois anos depois, em 12 de outubro de 1924, nasceu oficialmente a “Festa da Criança” por meio de decreto presidencial. Importante lembrar: nessa época, os debates sobre saúde, alimentação e educação ganharam força, e o cuidado com meninas e meninos passou a ser entendido como parte essencial da construção de um país mais moderno e menos desigual. Temas como higiene, nutrição e até mesmo a prevenção da criminalidade entre crianças de famílias pobres aparecem nos discursos da época, sempre marcados pela intenção de criar melhores condições de vida e futuro.
De políticas públicas ao Estatuto da Criança e do Adolescente
Ao longo dos anos, o sentido do Dia das Crianças se transformou junto com o próprio país. Se nos anos iniciais a data era celebrada com concursos, passeios e doações para os mais carentes, as décadas seguintes viram o 12 de outubro ganhar cada vez mais força como evento comercial — principalmente a partir dos anos 1960, quando as campanhas de marketing impulsionaram a tradição dos presentes.
Contudo, o lado social nunca saiu completamente de foco. Historiadores apontam que todo esse movimento de olhar com mais carinho para as crianças resultou, décadas depois, em conquistas marcantes: a inclusão dos direitos da infância na Constituição de 1988 e a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990, que se tornaram referências legais para a proteção e o desenvolvimento infantil no país.
O significado do Dia das Crianças hoje
Mais do que um convite ao consumo, o Dia das Crianças ainda é um lembrete de quanto nossas atitudes diárias impactam o futuro. Cuidar da infância vai muito além de distribuir presentes; é garantir que meninas e meninos tenham voz, saúde, segurança, alimentação adequada, acesso à educação de qualidade e ambientes onde possam brincar com liberdade.
Celebrar a data é também assumir um compromisso coletivo: o de não deixar ninguém para trás — especialmente os pequenos mais próximos ou aqueles que, infelizmente, continuam invisíveis para boa parte da sociedade.
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